CALAS

Chamada: Cátedra CALAS-IEAT

Está aberta a chamada, a ser realizada anualmente, para o Programa de Cátedras CALAS-IEAT, promovido pelo Centro Maria Sibylla Merian de Estudos Latino-americanos Avançados (CALAS) e pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O programa é administrado pelo IEAT e patrocinado pelo CALAS. A Cátedra abarca uma estadia de três meses do pesquisador no IEAT. De acordo com o programa de pesquisa do CALAS, espera-se que os(as) candidatos(as) contribuam com o desenvolvimento de novos enfoques metodológicos e analíticos para compreender as transformações e crises na América Latina.
Para mais informações sobre o CALAS, dirija-se à página do Centro: www.calas.lat

 

Enfoque temático: desigualdade social
A Cátedra CALAS-IEAT, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), convoca especialistas em estudos sobre a América Latina que estejam interessados em pesquisar experiências de crise na região e que queiram abordar problemas do presente, assim como explorar perspectivas de enfrentamento destes, promovendo, dessa maneira, uma pesquisa transdisciplinar sobre o fenômeno da crise, sobre os processos de transformação social que a acompanham e sobre o papel dos diferentes atores sociais.

A América Latina está entre as regiões mais desiguais do planeta. Embora isso tenda a ser entendido apenas a partir da desigualdade em termos de distribuição de riqueza, ela se manifesta por meio de múltiplos círculos viciosos que marcam as possibilidades de acesso à riqueza na região. Dentre esses círculos viciosos, destacam-se as desigualdades de ordem trabalhista, territorial, educacional, cultural e de saúde, que afetam diretamente a participação em todos os âmbitos das sociedades latino-americanas.

Entre 2008 e 2015, a desigualdade na distribuição de renda diminuiu substancialmente na região, graças à prioridade que os países latino-americanos deram aos objetivos de desenvolvimento social, mas seu ritmo de declínio desacelerou entre 2012 e 2015 (CEPAL). Hoje existe uma regressão sistemática desses indicadores, fundamentalmente ligada à virada política da região, mas também à prevalência desses círculos viciosos de desigualdade como um problema histórico e estrutural das sociedades da América Latina e do Caribe, não resolvido pelos processos das mudanças políticas e sociais ocorridas na história latino-americana. Processos de desigualdade que se agravam no atual contexto de globalização neoliberal e recolonização dos territórios da América Latina e do Caribe, pelos países desenvolvidos a partir da implantação de modelos econômicos, políticos, sociais, culturais e territoriais exclusivos de grandes grupos populacionais com impacto regional e global.

Mesmo com diferentes expressões concretas em cada um dos países da região, há tendências gerais no comportamento das desigualdades sociais e, principalmente, no que diz respeito à interconexão entre elas, na formação de uma estrutura social extremamente exclusiva e reprodutora dessa realidade. Assim, as desigualdades trabalhistas tendem a se expressar a partir do acesso diferenciado ao mercado de trabalho por grupos populacionais, notadamente o desemprego juvenil e feminino, a par das desigualdades étnico-raciais e de gênero, e da informalização da atividade econômica em um importante setor da população com comportamentos dissimilares por territórios. Tudo isso com base nas desigualdades de acesso e qualidade da educação, saúde, serviços sociais por gênero, etnia / raça, fatores territoriais e grupos sociais específicos, que ao mesmo tempo limitam a capacidade desses grupos de romper com os ciclos fechados de desigualdade estrutural latino-americana. Soma-se a isso a prevalência da incapacidade de gerar políticas sociais universais que, por um lado, permitam o desenvolvimento de mecanismos de modulação mais eficazes das desigualdades sociais e seus ciclos reprodutivos e, por outro lado, limitem a ação desses ciclos na formação de estratégias individuais e coletivas para sua superação. Outro fator é a cultura que reproduz a segregação na distribuição desigual de seus bens, mas que também pode promovê-la a nível de mentalidades e imaginários.

Convidam-se as Ciências Sociais e Humanas a realizar abordagens abrangentes que reconheçam o caráter estrutural, cultural, histórico e subjetivo das desigualdades sociais. Incentiva-se que aprimorem o aparato teórico metodológico para realizar uma análise mais aguda dos diversos processos de exclusão, dos riscos que eles constituem para a sociedade, mas também de possíveis perspectivas de enfrentá-los.

Esta abordagem propõe uma leitura crítica das sociedades latino-americanas, sua história e suas estruturas políticas, sociais, econômicas e culturais. Nessa perspectiva, serão realizados estudos de caso em vários momentos históricos e da atualidade, e propostas teorizações sobre a desigualdade que gerem contribuições para compreender e superar os processos de exclusão social vigentes na América Latina. Ao mesmo tempo, é fundamental dar uma contribuição de ordem acadêmica ou teórico-conceitual que seja útil para a compreensão desses processos em outras partes do planeta.

Chamada
Para a Chamada 2020, o projeto de pesquisa que será realizado deve estar relacionado com a questão da desigualdade social, com ênfase em pelo menos uma das dimensões das desigualdades trabalhistas, territoriais, culturais, educacionais e de saúde, com um enfoque de transversalização étnica / racial e de gênero, em uma abordagem interdisciplinar e transregional, que também pode ser histórica, desenvolvendo uma visão inovadora do problema estrutural da desigualdade.
Podem candidatar-se acadêmicos com formação universitária em Ciências Humanas ou Sociais, de qualquer nacionalidade. O grau acadêmico mínimo exigido é o doutorado. Além disso, serão avaliados os trabalhos apresentados e a trajetória acadêmica, especialmente no âmbito do tema principal e a qualidade do projeto apresentado.
O CALAS e o EIAT estão comprometidos com a inclusão e a paridade de gênero.

 

Condições da Cátedra
A Cátedra CALAS-IEAT ofertará uma bolsa de 3.000 Euros mensais para uma estadia de até 3 (três) meses, a ser paga diretamente pelo projeto na Alemanha. Essa bolsa inclui os gastos de visto, hospedagem, seguro médico, materiais de trabalho, etc. A Cátedra cobrirá os gastos da passagem aérea de ida e volta para Belo Horizonte e para a sede principal do CALAS, em Guadalajara, México.
O IEAT / UFMG providenciará um lugar de trabalho devidamente equipado (computador, acesso à internet, etc.) e acesso às bibliotecas da Universidade. Além do mais, o(a) catedrático(a) terá o apoio de assistentes estudantis.
Os(as) candidatos(as) deverão apresentar anuência de um(a) pesquisador(a) da UFMG como contato e como “anfitrião(ã)”, que o(a) apoiará na coordenação de suas atividades na UFMG. Para informações sobre os(as) acadêmicos(as) e possíveis parceiros da UFMG confira http://somos.ufmg.br/.

 

Tarefas previstas para a Cátedra CALAS-IEAT:
• Projeto de pesquisa no Brasil, com concordância do(a) anfitrião(ã).
• Escrever um working paper de 20-30 páginas sobre os resultados do projeto, a ser entregue, o mais tardar, um mês depois do fim do período da Cátedra. O texto será publicado por uma das linhas editoriais do CALAS.
• Apresentar os resultados do projeto em uma conferência magistral na UFMG.
• Apresentar os resultados do projeto em uma palestra magistral na sede principal do CALAS, em Guadalajara, México.
• Realizar pelo menos três atividades acadêmicas transdisciplinares (com outros(as) pesquisadores(as) e/ou na pós-graduação), no âmbito da UFMG, relacionadas com o tema da pesquisa da Cátedra CALAS-IEAT. Essas atividades devem ser coordenadas pelo(a) pesquisador(a) “anfitrião(ã)”da UFMG.
• Preparar um relatório final sobre as atividades realizadas durante a Cátedra.

 

Candidatura
Requerem-se os seguintes documentos em português, espanhol ou inglês:
• Preencher o Formulário de candidatura
• Carta de motivação, na qual se demonstrem as qualidades para ocupar a Cátedra, assim como as expectativas e os objetivos.
• Resumo do projeto de pesquisa, incluindo um cronograma e um plano de trabalho, com no máximo 10 fontes bibliográficas (no máx. 4 páginas/2.000 palavras), com concordância do anfitrião(ã).
• Curriculum vitae de duas páginas e uma lista das publicações mais relevantes.
• Carta de anuência do(a) pesquisador(a) anfitrião(ã) na UFMG.

 

Processo de Seleção
Um comitê científico internacional do CALAS e do IEAT fará a seleção. Não caberão recursos quanto aos resultados.
As candidaturas que não preencherem os critérios do edital serão eliminadas.
Os projetos serão avaliados quanto aos seguintes aspectos: relevância, contextualização do problema na América Latina, articulação teórica adequada, objetivos claros, metodologia pertinente, transdisciplinaridade, apresentação dos produtos acadêmicos esperados, presença ou indicação de encaminhamento ou proposta de solução. O curriculum vitae será adotado como critério de desempate.
O nome do candidato aprovado será disponibilizado no site do IEAT (https://www.ufmg.br/ieat/) e no site do CALAS (http://www.calas.lat/en).

 

Datas importantes
• Lançamento da chamada: 01 de novembro de 2020
• Prazo para submissão de propostas: 31 de janeiro de 2021
• Resultados: 15 de março de 2021
• Início da cátedra: 01 de setembro de 2021

As candidaturas devem ser enviadas em um único arquivo PDF ao seguinte endereço de e-mail: convocatorias@calas.lat; referência: Cátedra CALAS-IEAT.

 

Informações sobre a Cátedra:
Prof. Estevam Barbosa de Las Casas, IEAT.
Tel.: +55-31-9 9239-4999 e-mail: diretoria@ieat.ufmg.br

Dr. Jochen Kemner, Centro María Sibylla Merian de Estudios Latinoamericanos Avanzados.
Tel.: ++52 33 3819 3000 (ext. 23594), info@calas.lat

Lugar: 
Belo Horizonte, Brasil
Fecha: 
Wednesday, October 28, 2020
Línea de trabajo: 
Fechas: 
Wednesday, October 28, 2020 to Sunday, January 31, 2021