CALAS

Chamada: Cátedra CALAS-IEAT

Está aberta a chamada, a ser realizada anualmente, para o Programa de Cátedras CALAS-IEAT, promovido pelo Centro Maria Sibylla Merian de Estudos Latino-americanos Avançados (CALAS) e pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O programa é administrado pelo IEAT e patrocinado pelo CALAS. A Cátedra abarca uma estadia de três meses do pesquisador no IEAT. De acordo com o programa de pesquisa do CALAS, espera-se que os(as) candidatos(as) contribuam com o desenvolvimento de novos enfoques metodológicos e analíticos para compreender as transformações e crises na América Latina.

Para mais informações sobre o CALAS, dirija-se à página do Centro: www.calas.lat

 

Enfoque temático da Chamada de Cátedra: crises ambientais

A Cátedra CALAS-IEAT, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), convoca especialistas em estudos sobre a América Latina que estejam interessados em pesquisar experiências de crise na região e que queiram abordar problemas do presente, assim como explorar perspectivas de enfrentamento destes, promovendo, em particular, uma pesquisa transdisciplinar sobre as múltiplas crises ambientais no contexto da mudança climática e do antropoceno. A pesquisa inclui os processos de transformação social, que acompanham as crises ambientais, assim como propostas de revisar e modificar as interações entre a sociedade humana e o meio ambiente.

Crises ambientais e desastres naturais são considerados catalizadores importantes de transformações sociais na América Latina. Por um lado, o subcontinente sofre os impactos cíclicos de fenômenos como El Niño (responsável por secas, cheias e furacões) e está localizado numa zona tectônica ativa. Pelo outro, observa-se que repetidas crises ecológicas e consequentes conflitos sócio-ambientais se derivam de uma relação entre natureza e sociedade humana dominada, desde os tempos coloniais, pelo extrativismo. As mencionadas crises agravam-se com a intensificação drástica da exploração dos recursos naturais na região para satisfazer a crescente fome global de matérias-primas em décadas recentes. Em consequência, já não está em questão somente uma estratégia econômica. Em vez disso, os debates sobre o neoextrativismo na América Latina giram em torno das novas concepções sociais que visam reformular as relações entre sociedade, política, cultura e meio ambiente. Estes debates estão ganhando relevância também para outras regiões do Sul Global.

Na América Latina, observa-se que as catástrofes “naturais” (caracterizadas como súbitas e imprevistas) revelam ou reforçam problemas sociopolíticos e socioeconômicos (como a desigualdade e diversos conflitos sociais), os quais, em muitos casos, evoluíram historicamente. Para entender estes processos, é fundamental analisar os fundamentos políticos, econômicos e culturais das conceptualizações do ambiente e da natureza. Ao mesmo tempo, a compreensão destas concepções também é importante para analisar as dinâmicas históricas e atuais do extrativismo, incluindo as crises socioecológicas que elas produzem. A ideia geral é que a colonização das Américas iniciou um processo de longa duração que transformou as paisagens pré-colombianas e que significou a exploração extrativista da terra, dos povos originários e de pessoas africanas, escravizadas e deportadas. Nesta perspectiva, o extrativismo colonial e a transformação ambiental decorrente formam a base do sistema mundo moderno da acumulação do capital. É de observar que os movimentos de independência nacional não alteraram o modelo socioeconômico do extrativismo. Ao contrário, nos séculos XIX e XX agrava-se a exploração natural das terras e expande-se a integração de áreas naturais na produção agrícola e de matérias primas. Consequentemente, os problemas sociais e políticos que derivam do extrativismo, como a dependência econômica, o latifundismo, a desigualdade, a violência no campo e contra populações indígenas, entre outros, não se resolvem e, frequentemente, se intensificam.

Convidam-se as Ciências Sociais e Humanas a realizar abordagens abrangentes sobre as diversas crises ambientais e a aprimorar o aparato teórico-metodológico para realizar uma análise mais aguda dessas crises. Por um lado, incentiva-se estudar os diversos processos de transformação social, econômica, política e cultural que as mencionadas crises provocam. Por outro lado, trata-se de analisar os processos socioeconômicos que causam as crises ambientais assim como os impactos que elas produzem na sociedade. No âmbito das mudanças climáticas e do antropoceno, essas abordagens propõem uma leitura crítica das relações entre as sociedades latino-americanas e o meio ambiente. Nessa perspectiva, serão realizados estudos de caso em vários momentos históricos e da atualidade, mas também serão propostas teorizações sobre a relação sociedade – meio ambiente, as quais gerem contribuições para compreender e superar os processos de devastação ambiental e degradação social. Ao mesmo tempo, espera-se dar uma contribuição de ordem acadêmica ou teórico-conceitual que seja útil para a compreensão desses processos em outras partes do planeta.

 

Chamada

Para a Chamada 2021 da Cátedra, o projeto de pesquisa que será realizado deve estar relacionado com a questão das crises ambientais, conforme acima exposto, em uma abordagem interdisciplinar e transregional, que também pode ser histórica, desenvolvendo uma visão inovadora do problema estrutural da desigualdade.

Podem candidatar-se acadêmicos com atuação em pesquisa em Ciências Humanas ou Sociais, de qualquer nacionalidade. O grau acadêmico mínimo exigido é o doutorado completo anterior à data de submissão da proposta. Além disso, serão avaliados os trabalhos apresentados e a trajetória acadêmica, especialmente no âmbito do tema principal e a qualidade do projeto apresentado.

O CALAS e o IEAT/UFMG estão comprometidos com a inclusão e a paridade de gênero.

 

Condições da Cátedra:

A Cátedra CALAS-IEAT ofertará uma bolsa com uma remuneração competitiva para uma estadia de até 3 (três) meses, a ser paga diretamente pelo projeto na Alemanha. Essa bolsa inclui os gastos de visto, hospedagem, seguro médico, materiais de trabalho e remuneração pessoal. Além disso, a Cátedra cobrirá os gastos da passagem aérea de ida e volta para Belo Horizonte e para a sede principal do CALAS, em Guadalajara, México.

O IEAT / UFMG providenciará um lugar de trabalho devidamente equipado (computador, acesso à internet, etc.) e acesso às bibliotecas da Universidade. Além do mais, o(a) catedrático(a) terá o apoio de assistentes estudantis.

Os(as) candidatos(as) deverão apresentar anuência de um(a) pesquisador(a) da UFMG como contato e como “anfitrião(ã)”, que o(a) apoiará na coordenação de suas atividades na UFMG. Para informações sobre os(as) acadêmicos(as) e possíveis parceiros da UFMG confira http://somos.ufmg.br/.

 

Tarefas previstas para a Cátedra CALAS-IEAT:

  • Projeto de pesquisa no Brasil, com concordância do(a) anfitrião(ã).
  • Escrever, pelo menos, um artigo acadêmico sobre os resultados do projeto. A busca de um meio de publicação adequado é de responsabilidade do catedrático.
  • Apresentar os resultados do projeto em uma conferência magistral na UFMG.
  • Apresentar os resultados do projeto em uma palestra magistral na sede principal do CALAS, em Guadalajara, México.
  • Realizar pelo menos três atividades acadêmicas transdisciplinares (com outros(as) pesquisadores(as) e/ou na pós-graduação), no âmbito da UFMG, relacionadas com o tema da pesquisa da Cátedra CALAS-IEAT. Essas atividades devem ser coordenadas pelo(a) pesquisador(a) “anfitrião(ã)”da UFMG.
  • Entregar um relatório final sobre as atividades realizadas durante a Cátedra, mais tardar, três meses depois do fim da estadia.

 

Candidatura:

Preencher o formulário de candidatura e anexá-lo juntamente com os seguintes documentos em português, espanhol ou inglês:

  • Carta de motivação, na qual se demonstrem as qualidades para ocupar a Cátedra, assim como as expectativas e os objetivos.
  • Resumo do projeto de pesquisa, incluindo um cronograma e um plano de trabalho com, no máximo, 2.000 (duas mil) palavras e 20 (vinte) fontes bibliográficas, com concordância do anfitrião(ã).
  • Curriculum vitae de duas páginas e uma lista das publicações mais relevantes.
  • Cópia do diploma de doutorado.
  • Carta de anuência do(a) pesquisador(a) anfitrião(ã) na UFMG.

 

Processo de Seleção

Um comitê científico internacional do CALAS e do IEAT/UFMG fará a seleção. Não caberão recursos quanto aos resultados.

As candidaturas que não preencherem os critérios do edital serão eliminadas.

Os projetos serão avaliados quanto aos seguintes aspectos: relevância, contextualização do problema na América Latina, articulação teórica adequada, objetivos claros, metodologia pertinente, transdisciplinaridade, apresentação dos produtos acadêmicos esperados, presença ou indicação de encaminhamento ou proposta de solução. O curriculum vitae será adotado como critério de desempate.

O nome do candidato aprovado será disponibilizado no site do IEAT/UFMG (https://www.ufmg.br/ieat/) e no site do CALAS (http://www.calas.lat/en).

Datas importantes

  • Lançamento da Chamada: 17 de novembro de 2021
  • Prazo para submissão de propostas: 15 de março de 2022
  • Resultados: 31 de abril de 2022
  • Início da cátedra: 01 de setembro de 2022

 

Informações sobre a Cátedra

Prof. Estevam Barbosa de Las Casas, IEAT/UFMG.

Tel.: +55-31-9 9239-4999 e-mail: diretoria@ieat.ufmg.br

 

Dr. Jochen Kemner, Centro María Sibylla Merian de Estudios Latinoamericanos Avanzados.

Tel.: ++52 33 3819 3000 (ext. 23594), info@calas.lat

Lugar: 
Belo Horizonte, Brasil
Fecha: 
Friday, November 26, 2021
Fechas: 
Friday, November 26, 2021 to Tuesday, February 15, 2022